A educação e a cultura são, na sociedade contemporânea, duas áreas primordiais e de particular importância no processo de formação dos cidadãos, na aquisição e desenvolvimento de competências, capacitando a iniciativa e intervenção cívica. Paiva (2009) salienta que “A educação deve ter uma função determinante, garantindo a aprendizagem e ensino de qualidade para todos, a valorização de contextos de vida, a redefinição de competências tradicionais […] e adequação estratégica dos programas curriculares.”. (pág.43). Nesta perspectiva e segundo Paiva (2009) a educação é um exercício de cidadania e inserção na sociedade contemporânea sendo “ […] a expressão cultural e pedagógica a fase mais adiantada da construção da cidadania, da construção da autêntica cidadania, da cidadania democrática” (Patrício, 2002, p.72).
A cultura, de acordo com Guerra e Quintela (2007) ” pode ser entendida como um instrumento ao serviço do alcance de graus de desenvolvimento, mas também, como um fim desejável, dando sentido à própria construção humana. Ao efectuarmos a equação, cultura e desenvolvimento social, se bem resolvida, podemos perceber de forma mais adequada a noção de alargamento das escolhas humanas. Parte-se do pressuposto que a nossa sociedade é herdeira de um conjunto de recursos culturais de natureza material e imaterial, que fazem parte da chamada memória colectiva. Assim, esses recursos culturais prefiguram sentimentos de identidade e pertença comunitária.” (p.2).
Assim, a educação e a cultura complementam-se numa relação dialógica na construção do conhecimento com “potencialidades da utilização de actividades culturais, artísticas e criativas na implementação de soluções inovadoras com vista ao fomento da participação social, de novos formatos educativos/formativos, na valorização da componente lazer nas vivências quotidianas, no apoio social, etc. Por exemplo, a utilização da multimédia e das restantes tecnologias de informação e comunicação, a par de outras práticas culturais mais “clássicas”, representa hoje uma ferramenta de trabalho importante, com múltiplas possibilidades e com enorme potencial dinamizador das comunidades e dos actores sociais.” (Guerra & Quintela, 2007, p.2,3).
Segundo Paiva (2007) “a educação cultural expressa pelos cidadãos, numa atitude ética face aos seus congéneres e ao contexto urbano de inserção, dá conta dos níveis de civilidade, percebida como qualidade de acção vivencial do cidadão relativamente à participação na vida comunitária, na persecução do bem da cidade e da comunidade, o que contribui para a construção da urbanidade.” (p. 34).
Concluindo, o estímulo à liderança cívica, o desenvolvimento da relação com o espaço urbano, a promoção da interculturalidade, a capacitação artística e criativa, dinamização das redes de equipamentos culturais e a criação de oportunidades de conhecimento, preparam os cidadãos para serem agentes promotores e activos na sua comunidade local e, consequentemente, na sociedade contemporânea.
Liliana Sofia Carvalho